01.Você tem uma árvore? Amados, em anexo deixo mais uma mensagem
que Deus tem usado para transformar minha vida e ministério. Espero
que seja útil.
Em Cristo, Pr. Mauro Jaques Igfrejinha/RS 02. O PERIGO DE UMA ADORAÇÃO SÓ COM A
MENTE! (02/10/06)
João 3.1-8
- Sempre é bom lembrar que estamos trabalhando
nas quintas pelo equilíbrio em nossa adoração! Na quinta passada eu
fiz uma citação de cabeça, que quero fazê-la agora na integra sobre
o conceito de “embriaguez espiritual”: momento em que “a pessoa sente
uma fragrância, um cheiro suave que conforta a alma e o corpo. Outras
vezes sente um gosto, um sabor na língua, dando-lhe refrigério. Às vezes
começa a dançar. Juan de Jesus Maria, no livro Escola de Oração chama
isso de embriaguez espiritual”.
- Faço essa citação para servir de pontapé
ao tema proposto nessa noite que tem por objetivo verificar que a intelectualidade
por si só não pode aproximar o homem de Deus. Santo Agostinho vai dizer
que o desenvolvimento intelectual depende de uma particular e direta
iluminação de Deus para se desenvolver. Logo, crer não é pensar, mas,
é também pensar!
- O que vemos hoje na mente de muitos (aqui
incluo jovens líderes, estudantes, homens muito próximos dos livros)
é uma visão muito limitada da atuação do Espírito Santo. Para estes,
o Espírito é previsível e controlável aos seus próprios esquemas de
sistematização. Eles escrevem na direção de que, pelo saber pode-se
chegar ao conhecimento da verdade. Mas, isso não tem base bíblica! Afinal
de contas, Paulo vai dizer que o homem natural não pode compreender
as coisas espirituais! (I Corintios 2.14)
- Não adianta saber articular pensamentos
dos mais profundos, ler obras dos mais brilhantes pensadores, interagir
com várias escolas científicas... sem o conhecimento de Deus, toda sabedoria
se torna sem sentido... é como diz o autor de Eclesiastes: “o que aumenta
o conhecimento, aumenta a tristeza...”
- Em nossa adoração a Deus precisamos estar
atentos se o estamos sendo guiados por aquilo que tenho chamado de “tirania
da razão”. É nisso que esse encontro de Jesus com Nicodemos tem para
nos ensinar: o saber humano precisa estar sujeito ao conhecimento de
Deus, se não isso gera um verdadeiro bloqueio para o entendimento de
realidades espirituais.
FT. O perigo de uma adoração só com a mente
existe porque:
01. O desenvolvimento intelectual não preenche
o vazio do ser. (vv. 1-3)
1 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma
autoridade entre os judeus. 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre,
sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os
sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele".
3 Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver
o Reino de Deus, se não nascer de novo{1} ".
- Nicodemos pertencia a um dos grupos mais
estritamente intelectuais de dentro do judaísmo: ele era um fariseu,
não um simples fariseu, mas “uma autoridade entre os judeus”. Ele integrava
o Sinédrio, uma espécie de “Supremo Tribunal de Justiça” daquele tempo.
Ele era um estudioso das leis e princípios da fé judaica.
- Agora, na sua procura por Jesus podemos
precisar que: havia inquietações em sua alma que sua intelectualidade
não havia satisfeito por completo. Nem tudo estava nos livros, nas fontes
primárias e secundárias a que ele tinha acesso. Por isso, ele resolve
ir até Jesus, correndo o risco de ser taxado como um fanático religioso
ou um desertor da sua fé adquirida à “ferro e fogo”.
- Mas, ele não se importava: mesmo ele sendo
acostumado a tratar das questões dos outros, quando ele era procurado
pela sua sabedoria em lidar com assuntos sociais, jurídicos e religiosos,
agora o seu coração sangrava por uma ansiedade (como Lutero) que o atormentava
dia e noite!
- Em outras palavras, concordo com pr. Fernando
Fernandes: “Nicodemos era um homem extremamente rico em cultura, porém,
pobre espiritualmente”. Isso é impressionante: há quem se orgulhe do
seu saber intelectual, seja um amante dos livros e da pesquisa, consiga
reunir em sua mente as confrontações mais brilhantes de diversos teóricos...
mas, quando olha para si percebe um vazio, um rombo, provocado por uma
ausência: ausência de Deus!
- Lembro-me de uma fala sobre a existência
de Deus feita por um intelectual: “Certamente Deus não morre no momento
em que deixamos de crer nele; contudo, nós morremos no dia em que a
nossa vida deixa de ser atingida pelo esplendor do milagre que excede
à razão humana.”(Dag Hammarskjöld, sueco, especialista em economia política
e secretário-geral da Organização das Nações Unidas de 1953 até a sua
morte, em 1961, aos 56 anos)
- A lógica de Nicodemos me parece clara:
Deus deve existir, e Jesus deve de fato ser Deus, porque como explicar
racionalmente os milagres que temos assistido? "Mestre, sabemos que
ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos
que estás fazendo, se Deus não estiver com ele"
- A racionalidade fica sem respostas diante
dessa pergunta até os nossos dias: Se não há Deus, como explicar tudo
isso? A fé responde as perguntas que a Razão formula e se vê impedida
de responder... por isso, o mistério da adoração não está somente na
inteligência e sim também na experiência. Tudo é uma questão de equilíbrio,
repito... a letra pura, além de cegar, como se isso não fosse suficiente:
“mata”.
- E quantos temos visto por ai... mortos
pelas letras, ávidos em fazer criticas a igreja, a Bíblia, ao pastor,
ao mundo, incluindo a si mesmo... justamente por terem como único referencial
de avaliação o intelecto, a frieza da razão, a como diria M. Kundera
“a insustentável leveza do ser”...
FT. O perigo de uma adoração só com a mente
existe porque:
02. A intelectualidade pode gerar inibições
em relação à fé: (vv. 4-7)
4 Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode
nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no
ventre de sua mãe e renascer!" 5 Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade:
Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito.
6 O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.
7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês
nasçam de novo.
- Jesus deixa Nicodemos “em crise”! Ele que
saíra de casa aquela noite para discutir sobre a fé em Jesus, se vê
em um xeque mate: a fé não é questão de sangue familiar, de status social,
de saber intelectual, de tradição religiosa... mas, fé era questão de
eleição divina: quem nascesse de Deus poderia pertencer ao Reino de
Deus!
- Isso chocou Nicodemos, como choca muita
gente hoje... que se aproxima de Jesus cheio de credenciais que são
esvaziadas uma a uma... a afirmação foi categórica: É necessário que
vocês nasçam de novo. Repare comigo que Jesus não disse que seria necessário
que nós nascêssemos de novo... Jesus não se inclui... ele sim, era totalmente
divino... nós somos criaturas espirituais vivendo realidades fortíssimas
da vida natural!
- A expressão grega é genetemai anoten, “nascer
do alto”, “nascer do topo”, em outras palavras “nascer de Deus”, a iniciativa
sempre é dEle!!! Como Champlim comenta: “ninguém pode contemplar o processo
da regeneração; o processo é secreto e invisível, embora os resultados
sejam evidentes” (Bruce).
- E esse novo nascimento se daria simultaneamente
em dois símbolos: água e Espírito. Vamos lá ao significado disso. Na
mente de Nicodemos, um judeu piedoso a água representava os banhos de
purificação que os judeus eram submetidos para se tornarem puros para
as celebrações litúrgicas do templo. Logo, representa a pureza que é
resultado de um arrependimento.
- O Espírito corretamente grafado com a letra
E, maiúscula em João representa a terceira pessoal da Trindade, o Consolador,
o paracleto, aquele que viria para convencer o mundo do juízo, da justiça
e do pecado. (João 16). Tenho aqui uma oração bonita de Anselmo de Cantuária,
do séc. XI d.C:
“Vem, Espírito Santo, vem, Mestre dos humildes
e Juiz dos altivos. Vem, esperança dos pobres, conforto dos cansados.
Vem, estrela sobre o mar, salvação no naufrágio. Vem, glorioso adorno
de todos os viventes, de todos os mortais única salvação. Vem, Espírito
Santo, comisera-te de nós. Prepara-nos para tua obra. Preenche nossa
pobreza com teu poder, vem de encontro à nossa fraqueza com a plenitude
de tua graça.”
- Compreendendo a atuação do Espírito em
nossa experiência em Cristo Jesus, tenho de modo claro que “nascer do
Espírito” é ser convencido pelo Espírito de nossa incapacidade para
a salvação e o instrumento para o nosso acesso ao novo nascimento é
a fé.
- Em tese então: nascer da água: arrependimento;
e nascer do Espírito: fé. Ambos, fé e arrependimento, são veículos que
implantam em nós a semente do novo nascimento e nos faz conscientes
e certos de nossa salvação.
- Calvino vai dizer: “devemos, assim, meditar
durante toda a nossa vida no fato de que, estando mortos para o pecado
e para nosso próprio eu anterior, possamos viver para Cristo e sua justiça”.
FT. O perigo de uma adoração só com
a mente existe porque:
03. Somente Cristo satisfaz plenamente o
ser, tendo poder para salvar o homem.
- E este processo não pode ser compreendido
humanamente! Daí Jesus terminar o seu argumento dizendo:
O vento{2} sopra onde quer. Você o escuta,
mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com
todos os nascidos do Espírito"
- Assim como o vento esconde um mistério
em sua origem e fim, bem como em seus movimentos nada ordenados e planejados,
o nascimento espiritual é uma realidade apenas confirmada pelo prisma
espiritual. E a adoração está encharcada dessa dimensão misteriosa,
a que devemos apenas nos humilhar, reconhecendo nossa ignorância para
com as “coisas do Espírito”.
- Pr. Fernando Fernandes vai dizer que Jesus
não intelectualizou o seu discurso, apenas desafiou o sábio a romper
com as amarras da intelectualidade e do racionalismo cético para simplesmente...
deixar-se ser conduzido pelo “vento do Espírito”.
- Esse vento enigmático, que não pode ser
percebido racionalmente, mas pode ser sentido “experiencialmente”, representa
na minha argumentação o espaço que a nossa adoração pessoal precisa
dar ao “Totalmente Outro”. Um silencio humano diante dos mistérios de
Deus dá à adoração um colorido empolgante e criativo. Quero ser entendido
aqui: refiro-me ao mergulho em realidades não compreensíveis pelo intelecto,
mas confirmados por Deus na nossa “intuição espiritual”.
- Sei do risco que corro de ser mal compreendido...
mas, mesmo assim me arrisco a dizer: muito da nossa frieza espiritual
decorre do fato de querermos entender por demais um agir divino que
não cabe em nossos próprios conceitos e preconceitos aprendidos... percebo
que precisamos ser mais ousados em arriscar... claro... tendo apenas
as Escrituras como limite!!! E ela mesmo atesta: O vento{2} sopra onde
quer.
- Se na nossa adoração não estivermos certos
de que, nossos esforços intelectuais são insuficientes para conter as
expressões do Deus que quer se comunicar com a gente... iremos viver
o “Deus dos nossos pais”, sem conhecer o “Deus da nossa experiência
pessoal”!
- Concordo com Francis Schaeffer que “nenhum
esforço humano moral ou religioso, humanista ou autônomo pode ajudar
o homem para a salvação”. Tudo é obra de Deus... Nós não podemos adorar
a Deus como queremos, e sim como ele determinou em suas Escrituras:
“... mas a maneira aceitável de se cultuar
o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem
delimitada por sua própria vontade revelada, para que Deus não seja
adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as
sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível
ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras.” (Confissão
de Fé Batista de 1689)
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